Debaixo de um pé de pequi, dom Pedro é enterrado em cova simples
Em uma cova simples, de terra crua e batida, foi enterrado nesta manhã (12) o bispo Emérito de São Félix do Araguaia (MT), dom Pedro Casaldáliga, após mais de dois dias de velório. Ele morreu aos 92 anos, de complicações pulmonares, decorrentes de uma tuberculose. O sepulcro fica à sombra de um pequizeiro e próximo ao rio Araguaia, no cemitério dos Karajás e dos Peões. O pequizeiro é a árvore símbolo do Araguaia.
Na lápide de aço, consta a frase do próprio bispo: "Para descansar, eu quero só esta cruz de pau, com chuva e sol. Estes sete palmos e a ressureição".
O cemitério dos Karajás e dos Peões, onde sempre desejou ser enterrado, está abandonado e desativado porque, com as chuvas, o rio Araguaia sobe e o inunda. No local, somente os pobres jazem.
Fotos de Raul Vico e Rômulo Bispo mostram a participação de religiosos, fiéis e indígenas, da etnia Xavante e de outras, todos em celebração, conduzida por um padre católico, antes do enterro.
Servidores do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) de São Felix do Araguaia enviaram uma coroa de flores. Integrantes do Movimento Sem Terra (MST) estenderam uma bandeira da organização sobre a cova. Diversas manifestações de luto constam a cena do último adeus a Pedro.
O espanhol Pedro Casaldáliga chegou no Brasil na década de 1960. Sua biografia é marcada pela defesa dos pobres, sem-terra, indígenas e da população vulnerável. Foi enterrado em São Félix do Araguaia, onde viveu a partir dos 40 anos de idade e coordenou trabalhos reconhecidos em defesa dos direitos humanos dos mais pobres. Tem renome internacional. É da ala da Teologia da Libertadação, considerada de esquerda dentro da Igreja Católica.
Liberdade FM / Agua Boa News