Boi gordo fecha janeiro em alta
Setor de carnes deverá crescer 17,5% em 2022
As perspectivas positivas para o mercado do boi gordo no início de 2022 se confirmaram. No último dia de janeiro a cotação da arroba chegou a quase R$ 344 no índice CEPEA/B3, definido pela parceria entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da ESALQ/USP e bolsa de valores oficial do Brasil. Há um ano, esse valor estava em torno de R$ 301 e há pouco mais de um mês a estimativa era de que chegasse no máximo a R$ 338. No entanto, ainda é preciso controlar os ânimos, porque os fatores que influenciam o cenário da pecuária de corte não devem ser tão diferentes nesse primeiro semestre.
Um dos fatores que impactam diretamente no mercado da carne bovina é o poder de compra do consumidor. E ainda preocupa a combinação entre os efeitos da pandemia da Covid e a alta da inflação. Na questão sanitária, a população fica mais protegida com o avanço da vacinação, mas continua em alerta por conta da onda de contaminação pela variante Ômicron. Em relação à economia, o Relatório Focus, do Banco Central, já reviu para cima a estimativa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2022, passando de 5,15% para 5,38%. E a previsão para o ano que vem também subiu: foi de 3,40% para 3,50%. A inflação acumulada dos últimos 12 meses passa de 10%, segundo o BC. Se no cardápio do dia a dia vai continuar havendo mais espaço para outras carnes, o que dizer então das grelhas nos churrascos.
Já o olhar para o mercado externo dá uma animada em toda a cadeia produtiva de carne bovina. Desde a retomada das exportações para a China no início de dezembro do ano passado, o que de certa forma reestabeleceu o equilíbrio nas negociações do setor, as expectativas e a real confiança ficam cada vez mais próximas. Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Jorge Camardelli, em 2022 as vendas de carne bovina para o mercado internacional devem ir além de 2 milhões de toneladas. “Pela primeira vez devemos chegar aos dois dígitos em faturamento, passando de US$ 10 bilhões”, disse o executivo. Nos dois casos, o índice de crescimento sobre o ano passado é de 17,5%.
Dentro das fazendas, a calculadora será cada vez mais essencial. Mal dá tempo de os pecuaristas celebrarem a elevação na cotação da arroba, pois grande parte dos custos de produção está atrelada ao câmbio, principalmente a alimentação dos animais. E mesmo com o recuo de quase 5% em janeiro, o dólar ainda segue bem superior ao real: pelo BC, a cotação passa de R$ 5,28. A margem de retorno deve continuar apertada, e a oferta de bois tende a seguir ajustada, de acordo com a equipe técnica do CEPEA. É exatamente nesse contexto que as particularidades da produção brasileira de gado de corte podem – ou devem – sobressair: expertise com manejo de pasto, variabilidade genética de alta qualidade, soluções tecnológicas específicas da pecuária tropical, sistemas produtivos diferenciados como a integração lavoura-pecuária-floresta e muita gente competente para conduzir isso tudo.
IstoÉ – Liberdade FM