Governo Lula corta bilhões de programas sociais e outras áreas

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou um corte de R$ 5,7 bilhões em despesas não obrigatórias no Orçamento de 2024, afetando diversos órgãos e programas federais. A medida foi tomada para compensar o aumento de R$ 13 bilhões na previsão de gastos com aposentadorias, pensões e outros benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), devido ao crescimento da demanda por esses benefícios.

Entre os órgãos atingidos pelos cortes estão a Receita Federal, Polícia Federal e o Exército, além de verbas para programas sociais e investimentos em infraestrutura. As áreas de Farmácia Popular, ensino integral, Auxílio Gás e obras em rodovias federais também sofreram reduções significativas em seus orçamentos.

 

De acordo com levantamento feito pelo Estadão, utilizando dados do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop) do governo federal e do Siga Brasil, mantido pelo Senado, os cortes são resultado de uma revisão das despesas após o resultado da inflação de 2023. Conforme exigido pelo novo arcabouço fiscal, o governo federal teve que ajustar as despesas condicionadas ao índice inflacionário efetivo.

O Ministério do Planejamento e Orçamento explicou que, em março, houve um ajuste de R$ 4,1 bilhões em despesas que estavam condicionadas ao resultado da inflação. Em abril e maio, houve cancelamentos adicionais a pedido dos próprios ministérios afetados e por decisão governamental. “Em todas essas ocasiões, os órgãos argumentaram que os cancelamentos não trariam prejuízo à execução de suas políticas públicas ou atividades,” afirmou o Ministério em comunicado. No entanto, alguns desses órgãos contestaram essa alegação.

A situação revela a pressão crescente das despesas obrigatórias sobre o Orçamento federal, impactando diretamente as verbas destinadas à manutenção de órgãos e serviços públicos e aos investimentos em infraestrutura. A Polícia Federal, por exemplo, já enfrenta dificuldades para manter operações básicas e investigações de grande porte. A Receita Federal, essencial para a arrecadação de tributos, também se vê limitada em suas atividades.

 

Programas sociais como o Farmácia Popular, que oferece medicamentos gratuitos ou com descontos para a população de baixa renda, e o Auxílio Gás, destinado a subsidiar a compra de gás de cozinha para famílias carentes, sofreram cortes significativos. A redução nas verbas para o ensino integral impacta diretamente a educação básica, afetando milhares de alunos que dependem dessas escolas para um ensino de qualidade.

Os números mostram que o espaço adicional permitido pelo novo arcabouço fiscal, de R$ 15,8 bilhões, já foi consumido devido ao aumento das despesas obrigatórias e à derrubada de vetos às emendas de comissão. Este espaço adicional era uma margem de manobra que o governo tinha para acomodar despesas sem comprometer o equilíbrio fiscal.

 

O aumento da previsão de gastos com benefícios previdenciários é um reflexo do envelhecimento da população brasileira e da crescente demanda por aposentadorias e pensões. Esta tendência coloca uma pressão significativa sobre o Orçamento, exigindo cortes em outras áreas para manter o equilíbrio fiscal.

A decisão de cortar despesas não obrigatórias gerou reações diversas. Enquanto alguns analistas econômicos entendem a necessidade dos ajustes para manter a sustentabilidade fiscal, críticos argumentam que os cortes afetam serviços essenciais e programas sociais importantes. O debate sobre como equilibrar o Orçamento, garantindo ao mesmo tempo a execução de políticas públicas eficazes, permanece no centro das discussões políticas.

 

Liberdade FM - Com informações do Estadão