Produtor mostra realidade assustadora da safra em MT e afirma manipulação de mercado; VÍDEO
Vídeo: Uma realidade oculta e assustadora descrita por Jonas Apio
Produtor rural grava vídeo mostrando uma realidade oculta sobre a próxima safra de grãos em Mato Grosso, com cenas de talhão de soja morta devido a estiagem e áreas sem nenhum plantio, produtor estima colheita de “20 a 25 sacas/ha“. Ele também faz afirmações sobre manipulação de mercado para desorientar os produtores “Vamos parar com essa história de 150, 160 milhões de toneladas. Gente, Ajudem o produtor rural. Vamos parar de especulação, parar de maquiar o mercado.“
Em entrevista ao Agronews, Jonas José Apio, produtor rural em Água Boa, Mato Grosso, descreve um cenário desafiador enfrentado por muitos agricultores brasileiros. A safra de soja, tão vital para a economia agrícola do país, está sujeita a variáveis climáticas e condições adversas que impactam diretamente o produtor no campo.
A crueldade do clima e suas implicações
“Estou aqui hoje, dia 20 de dezembro de 2023, em Água Boa no Mato Grosso, este é um talhão de 300 hectares com a soja já morta. Uma estimativa de colheita de 20 a 25 sacas, um talhão que só tivemos 200 milímetros de precipitação desde de setembro e a soja acabou não resistindo.“
Água Boa, e em algumas regiões do Mato Grosso, enfrentou uma escassez alarmante de chuvas. Jonas relata que seu talhão de 300 hectares viu apenas 200 milímetros de precipitação desde setembro, deixando a soja sem resistência. Essa realidade ressalta a vulnerabilidade do setor agrícola, onde a produção está intrinsecamente ligada às condições climáticas imprevisíveis.
“Água boa no Estado, diferente do que outras demais localidades no Mato Grosso. Muita pouca chuva. E essa é a realidade do produtor rural.“, diz.
Talhão de soja morto devido a estiagem – Foto: Jonas Apio
A discrepância nas condições climáticas entre diferentes localidades dentro do mesmo estado destaca a complexidade da agricultura no Brasil. Enquanto algumas áreas enfrentam a seca, outras podem experimentar um excesso de chuvas. Essa variação regional cria um quebra-cabeça para os produtores que devem tomar decisões estratégicas com base em um cenário climático imprevisível.
O papel das instituições e a incerteza nos números
Jonas Apio questiona, com uma ponta de ceticismo, as projeções recordes para a safra de soja no Brasil. Ele lança dúvidas sobre se o país colherá acima de 150 milhões de toneladas, colocando em xeque as estimativas otimistas apresentadas por instituições como a Conab e o USDA americano. A crítica de Jonas aponta para a falta de dados concretos e a predominância de projeções baseadas no “achismo“.
“Mas aqui eu tava refletindo e gostaria de fazer uma pergunta para as instituições aí que são responsáveis direta e indiretamente pelo produtor rural. A Conab, USDA americano, mas também da nossa opinião e tem um peso na produção brasileira.“, considera Jonas.
A preocupação do produtor rural ecoa em questões fundamentais: as instituições que moldam as expectativas do mercado realmente compreendem as condições reais enfrentadas pelos agricultores? A imprevisibilidade climática, especialmente evidente neste ano, torna as projeções desafiadoras. A realidade do campo, pontuada pela experiência de Jonas, clama por um enfoque menos especulativo e mais fundamentado em dados concretos.
Desafios na semeadura e o cenário da safra futura
“Existem vários, vários talhões aqui que ainda não foram plantados. Talhões que o produtor está com o bag de soja lá no armazém desde setembro, num calor escaldante. Será esse bag de soja, vai ter o vigor necessário para emergir? Será que a soja plantada em Mato Grosso na época e depois do dia 20 de dezembro vai ter um tempo produtivo igual uma plantada na real fotossíntese da planta?“
Jonas destaca outra preocupação crucial: a qualidade da semeadura e o vigor das sementes. Ele aponta para talhões que aguardam o plantio desde setembro, e a incerteza paira sobre a viabilidade dessas sementes após um longo período de armazenamento. A eficácia da plantação, especialmente após 20 de dezembro, quando as condições ideais de fotossíntese se dissipam, é posta em cheque.
E para confirmar as suas alegações Jonas indica o site SentinelHub Playground, onde é possível ver em tempo real as condições da área produtiva. (Clique aqui para acessar o mapa da região de Água Boa mencionado no vídeo).
A incerteza sobre o desempenho futuro da safra ressalta a importância de avaliações mais profundas e orientadas por dados, além de um entendimento mais próximo da realidade do campo. As decisões dos agricultores sobre quando e como plantar impactam diretamente o sucesso da safra, e as instituições devem considerar essa complexidade.
Produtores desorientados
Chamado por Transparência e Ação: “A gente faz prospecção futura. A gente tem que fazer planejamento. Gente, Ajudem o produtor rural.“, clama Jonas.
O apelo de Jonas é claro: transparência, dados concretos e uma compreensão mais profunda das condições reais dos agricultores são fundamentais. O produtor rural precisa de apoio baseado em fatos, não em projeções otimistas que podem não refletir a realidade do campo.
“Vamos parar com essa história de 150, 160 milhões de toneladas. O produtor precisa de norte, o produtor precisa de dados concretos. A gente faz prospecção futura. A gente tem que fazer planejamento. Gente, Ajudem o produtor rural. Vamos parar de especulação, Vão parar de maquiar o mercado.“
A voz de Jonas Apio reflete as preocupações reais e imediatas dos produtores rurais brasileiros. Diante de desafios climáticos, incertezas na produção e projeções questionáveis, é imperativo que as instituições adotem abordagens mais transparentes e fundamentadas em dados.
“Pelo amor de Deus, nos ajudem! Obrigado gnte! Só quero finalizar. Deus é bom o tempo todo.“
O pedido de Jonas por ajuda não é apenas um apelo individual; é um chamado para uma mudança sistêmica na forma como as instituições lidam com a agricultura no Brasil. A verdadeira beleza do campo está na cooperação, na compreensão e na ação sustentada para enfrentar os desafios que cada safra traz consigo. Que esta reflexão ressoe não apenas nos ouvidos das instituições, mas na transformação efetiva que beneficie o produtor rural e, por consequência, todo o país.
Liberdade FM - VICENTE DELGADO/AGRONEWS