Lideranças indígenas e especialistas de todo o país se reúnem em seminário indigena inédito em Cuiabá no dia 03

Cuiabá será palco de um evento inédito: com a presença de importantes lideranças indígenas e especialistas do país, o 1º Seminário de Gestão Ambiental e Territorial de Mato Grosso, organizado pelo Subprograma Territórios Indígenas, do Programa REM MT, traz diálogo, acolhimento e dá voz aos povos originários. O seminário acontece entre os dias 3 a 5 de maio, no Hotel Fazenda Mato Grosso. O evento é fechado ao público.

O Brasil possui uma Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial, a PNGATI, que objetiva garantir, entre outros, a proteção, recuperação, conservação e o uso sustentável dos recursos naturais das terras e territórios indígena, explica o coordenador do Subprograma Territórios Indígenas, Marcos Ferreira.


Marcos Ferreira é coordenador do Subprograma Territórios Indígenas, do REM MT (Foto: REM MT)

“A PNGATI é uma importante ferramenta para se alcançar o protagonismo nos processos de tomadas de decisões para o bem-viver dos povos indígenas. Embora a PNGATI tenha completado 10 anos de existência, ela é pouco conhecida, debatida e efetivamente pouco utilizada pelos povos originários”, pontua. 

Com intuito de promover a PNGATI e debater importantes aspectos da gestão dos territórios indígenas de Mato Grosso, o Programa REM MT, realizará este primeiro Seminário, com a participação de mais de 30 especialistas indígenas e não-indígenas, que abordarão temas, como a própria PNGATI; Experiências em elaboração e execução de Planos de Gestão em Terras Indígenas (Etnomapeamentos e Etnozoneamentos); Mercado de carbono e justiça climática; Sustentabilidade financeira e geração de renda e, REDD+ jurisdicional.
 
Os 43 povos indígenas que vivem em Mato Grosso são atendidos pelo programa, com 58 organizações indígenas fortalecidas por meio da execução de 92 projetos apenas no Subprograma Territórios Indígenas, totalizando até o momento, o investimento de R$ 21.244.200,20 em projetos e ações.

Um exemplo de resultado é a visita do ministro de Estado para Territórios Ultramarinos, Comunidade, Energia, Clima e Meio Ambiente do Reino Unido, Zac Goldsmith, no território indígena do Povo Zoró, neste mês de abril.


Ministro do Reino Unido, Zac Goldsmith, visitou povo que conta com projetos apoiados pelo REM MT (Foto: REM MT)

O ministro do Reino Unido enfrentou a distância de um oceano para conhecer os projetos da Associação do Povo Indígena Zoró (APIZ) e Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (Aderjur).

Ao conhecer a realidade da coleta de castanha do Brasil – principal fonte de renda dos Zorós – e os esforços para garantir melhorias na comunidade e valorização da cadeia de valor, o ministro reforçou o compromisso do Reino Unido em continuar investindo nos projetos.

“O foco do Reino Unido, através dessa ênfase nos povos indígenas e nas comunidades locais é ajudá-los a se estabelecer onde eles vivem, para que não seja mais difícil e continuem marginalizados do jeito que foram por gerações. Nós vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para dar suporte aos povos indígenas”, afirmou Zac Goldsmith.

Dar voz a quem precisa falar e ser ouvido

Durante o “Abril Indígena”, o seminário busca fortalecer a construção do diálogo dos indígenas com a sociedade, de maneira a promover o protagonismo, valorizando a pluralidade étnica e cultural dos povos originários no Brasil.


Eliel Rondon faz parte da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Mato Grosso (Fepoimt) (Foto: Arquivo pessoal)

O presidente do Conselho Fiscal da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Mato Grosso (Fepoimt),  Eliel Rondon Terena, afirma que o evento é grandioso para unir e dar voz aos povos indígenas, que são os guardiões das florestas.

“É de suma importância pra gente estar preparando as nossas lideranças e jovens para esse embate, de assegurar a preservação da mata em pé. Isso é bastante importante, quando se faz em conjunto, para que a gente possa fazer de uma maneira coordenada”, disse.

Ansiosos pelo seminário, Eliel ainda detalha a visibilidade que o evento vai trazer. “Além da gestão coordenada, também ajudar a dar visibilidade para os povos indígenas, para nós que somos lideranças e as grandes lideranças de todos os territórios. É importante demonstrar que também estamos colaborando com esse grande momento de preservação territorial e ambiental”. 

Liberdade FM - Água Boa News