New Holland reforça automação e conectividade em novos tratores de maior potência
Empresa anunciou lançamentos de máquinas dos modelos T8 e T9, com motores de 250 a 629 cavalos
A New Holland Agriculture aumentou a família de seus tratores mais potentes, embarcou neles arquitetura eletrônica voltada para agricultura de precisão com 100% de conectividade e investiu em mais automação, conforto e ergonomia para atender especialmente os produtores profissionais de soja, milho, algodão, trigo, arroz e cana-de-açúcar. Saem de cena os quatro T8, lançados em 2011, e os quatro T9, de 2015, para a entrada de seis versões do T8 PLM Intelligence, com potências de 250 a 396 cavalos e novo eixo dianteiro, e quatro versões do T9 PLM Intelligence, que mantêm a potência de 426 a 629 cv.
Trator da nova geração de T8 da New Holland no campo (Foto: Divulgação/New Holland)
Rafael Miotto, vice-presidente para a América Latina da marca que pertence ao grupo CNH Industrial, disse, em coletiva, nesta quinta (20/5), que os novos tratores demandaram cinco anos de desenvolvimento, período em que se detectou o avanço rápido da digitalização da agricultura. Sabemos que hoje cerca de 50% dos agricultores já têm algum tipo de inserção digital. Nas nossas vendas, por exemplo, mais da metade dos clientes preferem negociar a máquina pelo WhatsApp.
Cláudio Calaça, diretor de Marketing de Produto da New Holland para a América do Sul, afirmou que, com a conexão 100%, o produtor passa a ter controle em tempo real da frota, da fazenda e da máquina, acessando todos os dados nos novos portais de telemetria, suporte e treinamento. A nova tecnologia otimiza o tempo das operações agrícolas, gera economia de insumos, reduz os custos operacionais e aumenta a produtividade, além de ser uma aliada do meio ambiente por evitar o uso excessivo de defensivos químicos e reduzir a queima de combustível.
O executivo destacou ainda como vantagem um aumento de disponibilidade da máquina, já que torna mais eficiente o diagnóstico do equipamento. A concessionária, com a autorização do produtor, pode monitorar o trator remotamente, prevenindo e corrigindo falhas e disponibilizando assistência técnica mais eficiente e rápida quando necessário.
Segundo Calaça, o lançamento desses primeiros tratores totalmente conectados abre a porta do pipeline da New Holland, que deve passar a oferecer a mesma tecnologia embarcada nos tratores menores em pouco tempo para atender todos os tipos de clientes. “A tendência é trazer esses elementos da agricultura digital para todos os modelos talvez já no próximo ano.
O armazenamento dos dados também ocorre em ambiente offline: nos pontos sem internet das fazendas, os tratores gravam os dados para descarregar assim que houver conexão. Sabemos que conectividade é um problema no campo, mas acreditamos em uma evolução rápida nos próximos anos com o avanço da iniciativa ConectarAgro, gerenciada por várias empresas do setor, entre elas a New Holland, que já conectou 6 milhões de hectares.
Automação
O novo eixo dianteiro possui menor raio de giro, com ângulo de articulação máximo de 55 graus, que permite mais versatilidade e maior produtividade. Os tratores avançam também para o grau 2 de automação (ou seja, tem autonomia assistida por operador) utilizando tecnologias do protótipo de trator autônomo já apresentado pela CNH há três anos. Não acredito que vamos ter no futuro máquinas no campo sem operadores, mas esses novos tratores já auxiliam o operador fazendo os ajustes necessários na condução, diz Calaça.
O sistema PLM (Precision Land Management, ou gestão de terras de precisão) é formado por três componentes: um monitor operacional multi touchscreen de 12 polegadas de alta definição, com uma estrutura de menus e funcionalidades baseada nas interfaces de tablets, um processador 4G Android e uma antena que permite uma compensação de terreno confiável para uso do piloto automático, compatível com vários satélites.
Segundo Calaça, as duas linhas de tratores têm a bordo um pacote tecnológico de simples operação e comandos intuitivos. A cabine, com visão 360 graus, teve seu capô redesenhado, ganhou mais espaço e conta agora com um ângulo maior de abertura da porta. As luzes de trabalho em LED garantem maior luminosidade nas operações noturnas, durabilidade e menor consumo de energia e podem ser personalizadas.
O operador pode gravar na memória do trator, por exemplo, em qual momento deseja que se acenda cada conjunto de luzes para tornar o trabalho mais eficiente e seguro, diz Calaça, acrescentando que o alto acabamento e conforto dos novos modelos o levam a preferir dirigir o trator em vez de um carro de luxo.
Mais torque
As versões menos potentes do T8 possuem transmissão 18 x 4 e motor FPT Cursor 9, nível de emissões Tier 3, de 6 cilindros, com uma capacidade de torque 10% maior em relação à geração anterior, visando gerar mais performance e mais durabilidade. Já as duas novas versões da linha, o T8.430, de 380 cv, e o T8.440, de 396, foram equipadas com o mesmo motor, mas contam com a nova transmissão Full PowerShift Ultra Command 21 x 5 reforçada, com maior distância entre eixos e peso adicional para tracionar implementos maiores e ainda mais pesados.
O conjunto tem ainda o modo Autoshift (GSM), que controla a velocidade do trator e escolhe a melhor rotação do motor com a marcha adequada para a carga do implemento.
Os novos T8, desenvolvidos mundialmente desde 2017 nos centros de engenharia da Europa, Estados Unidos e América do Sul e validados também nas lavouras brasileiras nas últimas duas safras, incluindo usinas de cana em São Paulo e Goiás, entraram na linha de produção da fábrica de Curitiba (PR) no início do ano. As primeiras unidades devem ser entregues em junho.
A linha T9 Intelligence, importada, como a anterior, da fábrica da marca em Fargo (EUA), mantém os modelos de 426, 507, 542 e 629 cv, e os motores FPT Cursor 13, que prometem força, reserva de torque e baixo custo de manutenção. Os tratores são mais voltados para o preparo de solo em culturas do Cerrado, têm tração integral, chassis articulado e capacidade para puxar as maiores plantadeiras do mercado. Além disso, são equipados com controle de insuflagem de seus pneus e também dos pneus dos implementos, podendo monitorar simultaneamente até 16 pneus.
Preços
Trator T9, da New Holland, no campo (Foto: Divulgação/New Holland)
O preço dos novos tratores, diz Calaça, parte de R$ 1 milhão e varia bastante de acordo com a motorização, configuração e os níveis de precisão do piloto automático embarcado, por exemplo. Há aparelhos com precisão de 30 cm a 2,5 cm, esse último indicado para culturas perenes e semiperenes, que demandam uma precisão maior na operação. Miotto diz que a variação de preços em relação à geração anterior é de apenas 10%, sendo 5% para a parte de tecnologia e 5% para a estrutura da máquina.
Segundo Calaça, as duas linhas representam hoje cerca de 8% do mix de produção da marca. Ele não revela quantas unidades dos grandes tratores devem ser produzidas neste ano, mas afirma que a carteira de pedidos está completa até dezembro e deve haver um incremento de produção em 2022.
Miotto acrescenta que as vendas estão pulverizadas em todo o país, com destaque para o Cerrado e a região do Matopiba. Ele revela que a intenção da New Holland é direcionar as vendas dos T8 também para os agricultores de porte médio e não apenas para os da agricultura empresarial. Menos de 7% dos produtores médios usam tratores potentes, mas acreditamos num crescimento para 10% nesta faixa no médio prazo de cinco anos.
No campo
O produtor Valmir José Schneider testou em sua fazenda em Querência (MT) um protótipo do T8.385 de 340 cavalos em 2019 e uma segunda geração do equipamento em 2020. Schneider contou ter se impressionado com a economia de combustível. Chegou a 20% na comparação com o T8 que tenho desde 2017, disse, destacando também o menor ruído e o motor que polui menos o meio ambiente.
O gaúcho migrou para Mato Grosso há 33 anos com a família e trabalha em parceria com o irmão Olimar no plantio de três safras por ano em 2.173 hectares, primeiro de soja, seguida de milho e depois feijão. Ele diz que a cabine moderna, o banco confortável e o painel digital do novo T8 agradaram em cheio seus funcionários e houve até disputa para ver quem dirigia o equipamento no serviço pesado de plantio.
No primeiro ano, os testes focaram na resistência do trator em mais de 1.500 horas de trabalho. Já no ano passado, foram agregados testes de conectividade, mas quem fez foram os próprios técnicos da montadora. À noite, depois do trator rodar o dia inteiro, os técnicos ficavam fazendo testes e tirando relatório para ver se o trator não ´bugava, relatou o agricultor, que ainda não adotou a agricultura digital.
Falta de insumos
Rafael Miotto, vice-presidente para a América Latina, afirmou que a empresa teve uma performance de vendas muito boa no primeiro trimestre deste ano e espera fechar 2021 com um aumento de 10% a 15% sobre o resultado de 2020.
Para Eduardo Luis Kerbauy, diretor de merecado Brasil da New Holland Agriculture, a falta de produto que atinge todo o setor de máquinas não se deve ao aumento de demanda e não deve ser uma barreira para o crescimento. O setor tem capacidade de fabricar de 70 a 80 mil máquinas por ano. O que acontece hoje é uma falta de matéria-prima para a indústria. Faltam insumos, como aço, que subiu 35% neste ano, e pneus, e há dificuldades de importação. Mas isso afeta toda a indústria.
Para o próximo ano, a New Holland planeja disponibilizar ao mercado da América do Sul o uso do gás biometano como combustível alternativo das máquinas. Essa tecnologia, que vem sendo desenvolvida desde 2013, deve ser lançada neste ano na Europa.
Liberdfade FM - Globo Rural