Lula e Trump se encontram na Malásia para discutir tarifaço (vídeo)
Kuala Lumpur – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os chefes de Estado se encontraram na capital da Malásia na tarde deste domingo (26/10), madrugada no Brasil. O encontro durou cerca de uma hora e marcou o início da reaproximação entre os países e o pontapé para negociação sobre o tarifaço imposto por Washington a produtos brasileiros.
Durante a janela para perguntas da imprensa, Trump e Lula demonstraram uma postura pragmática. O estadunidense afirmou que seria possível acordar a redução de algumas das tarifas já a partir desta primeira conversa. “Acho que vamos conseguir fazer alguns acordos muito bons que estamos discutindo, e eu acho que vamos acabar tendo um relacionamento muito bom”, disse o estadunidense.
Lula disse que não há motivo para os dois não resolverem suas divergências e que não há motivos para desavenças com os EUA. O presidente também pediu que o momento com a imprensa fosse encerrado, para que pudesse iniciar logo as discussões com Trump. O petista, num momento de descontração, apontou que a agenda de assuntos a serem discutidos era extensa, e que trouxe os assuntos listados em escritos e em inglês.
Lula e Trump estão na Malásia para participar da 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). Tanto Brasil quanto Estados Unidos são convidados do bloco econômico, e encontraram no país uma espécie de “terreno neutro” para conversar.
O diálogo ocorreu a portas fechadas, com a presença de ministros de Estado. Na comitiva de Lula estão os titulares dos ministérios de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, de Ciência e Tecnologia (MCTI), Luciana Santos, e da Agricultura, Carlos Fávaro. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, também está em Kuala Lumpur.
Alternativas
Lula falou mais sobre a agenda, e inclusive citou pontos de divergência. Num encontro com o primeiro-ministro da Malásia, Anwar bin Ibrahim, o petista criticou indiretamente posturas do republicano, como sua tentativa de vencer o Prêmio Nobel. O brasileiro também falou sobre a Venezuela, onde os EUA fazem uma incursão, e reclamou da “falta de liderança” mundial como um motivo para a deflagração de guerras e conflitos.
Na Indonésia, Lula ainda defendeu alternativas ao dólar em negociações comerciais, e afirmou que não vetaria qualquer assunto numa eventual conversa com Trump. “Se eu não acreditasse que é possível chegar a acordo, eu não faria reunião. Se o presidente Trump quiser discutir qualquer outro assunto, Rússia, Venezuela, estou aberto a discutir qualquer assunto. Não existe veto a nenhum assunto”, disse o presidente.
Ao anunciar o tarifaço ao Brasil, Trump tratou a medida como uma retaliação ao que considera uma perseguição política do Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado. O ex-mandatário foi condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.
Nesse sentido, o petista disse que o Brasil “tem interesse em recolocar a verdade na mesa”. O Planalto acredita que a Casa Branca adotou o tarifaço porque foi mal informada por aliados de Bolsonaro. Lula ainda citou que é preciso “mostrar que os EUA não é deficitário” e também apresentar contra-argumentos às punições da Casa Branca a ministros do governo e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nos vídeos abaixo ver também a declaração do ministro sobre como foi o encontro:
