Agro em MT sofre disparada no número de pedidos de recuperação judicial
Dos 16 pedidos de recuperação judicial realizados em Mato Grosso em 2024 cerca de 90% eram oriundos do agronegócio. Os custos de produção e a quebra na safra de grãos fizeram com que as solicitações de propriedades rurais, principalmente aquelas geridas por produtores pessoas físicas, registrassem um salto significativo nos últimos meses no estado.
Um levantamento realizado pela Serasa Experian mostrou um aumento expressivo no número de pedidos de recuperação judicial por proprietários rurais no Brasil em 2023. As estatísticas revelam que entre janeiro e setembro foram 80 requerimentos no país, contra 20 em todo o ano anterior, alta de 300%.
Ainda de acordo com a Serasa Experian, os produtores rurais que mais solicitaram recuperação judicial no país em 2023 foram aqueles com maiores áreas de soja plantada. Em segundo lugar aparecem aqueles com áreas de pastagem.
Ao se analisar por estado, Mato Grosso lidera com maior número de pedidos por parte de produtores rurais pessoas físicas desde 2021. O levantamento mostra que o volume saltou de três em 2021 para 15 em 2022, chegando a 26 no ano passado.
Frederico Azevedo, superintendente da OCB/MT, pontua que muitas vezes o pedido de recuperação nem sempre é uma solução para o produtor rural, mas sim um problema.
“O último levantamento que fizemos, até segunda-feira (11), só em 2024 16 recuperações judiciais foram pedidas. 90% delas voltadas para o agro. Nós temos recomendado, conversado com os produtores de que o momento é de cautela, é de se avaliar uma renegociação com os agentes bancários autorizados, com os agentes de crédito, como as revendas e cooperativas, para poder reescalonar o crédito e também aguardar o anúncio do Ministério da Agricultura”.
Recuperação judicial é vendida como a salvação
Azevedo explica que nos últimos dois anos o número de pedidos aumentou “por uma expectativa de uma melhoria da recuperação judicial, que foi vendida por muitos agentes como a salvação da lavoura, que se conseguia renegociar inúmeras dívidas e sabemos que na prática não é isso o que acontece”.
Conforme ele, a recuperação judicial “pode não ser o problema ou pode ser o grande problema do produtor, que eventualmente optar por essa tomada de decisão”.
Liberdade FM/Canal Rural