Após trocar ministro da Saúde, Bolsonaro defende volta às aulas nas escolas
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu nesta quinta-feira à noite que as aulas devem ser retomadas. Em todo o país, as escolas foram fechadas por determinações de governadores como medida de prevenção para combater a pandemia provocada pelo novo . Bolsonaro alegou que as crianças podem voltar à sala de aula porque "não tem notícia de alguém abaixo de 10 anos de idade que foi a óbito" por coronavírus. A declaração foi dada pelo presidente da portaria do Palácio da Alvorada.
"Tem que enfrentar a chuva, pô. Tem que enfrentar o vírus. Não adiante se acovardar, ficar dentro de casa. Nós sabemos que a vida é uma só. Sabemos dos pais que estão preocupados com os filhos voltarem à escola. Mas tem que voltar à escola, nós não temos nenhuma notícia de alguém abaixo de 10 anos de idade que contraiu o vírus e foi a óbito ou foi para a UTI", disse o presidente.
"Em sua maioria, as crianças têm desenvolvido uma forma leve ou assintomática da doença, o que dificulta rastreá-la neste público. Sem saber que carregam o vírus, elas passam a por em risco os mais velhos. Especialistas alertam que a reabertura das escolas provaria o desenvolvimento de uma cadeia de transmissão, uma vez que a atividade envolve a presença de adultos e a possibilidade da transmissão do vírus de uma criança para outra."
Bolsonaro disse ainda que estuda enviar um projeto de lei ao Congresso definindo que atividade essencial é toda aquela necessária para "levar o pão para casa". Com a medida, o presidente pretende relaxar o isolamento social determinado por governadores e prefeitos. A ideia inicial era elaborar um decreto com este conteúdo, mas o presidente foi alertado por integrantes do Congresso e do Supremo Tribunal Federal que a medida seria inconstitucional.
"Não depende de mim, eu preparei um decreto, mas vi que ele seria bombardeado. Então, talvez este decreto eu transforme em projeto de lei e mande para a Câmara, para o Congresso decidir o que é uma atividade essencial", afirmou, em conversa com jornalistas na chegada ao Palácio da Alvorada.
O presidente voltou a criticar a postura de "alguns governadores e prefeitos" sobre adoção de isolamento. Para ele, apenas os grupos de risco deveriam ficar em quarentena. Com a demissão de Mandetta e a nomeação do oncologista Nelson Teich para o comando do Ministério da Saúde, o presidente declarou que espera uma mudança de postura da pasta em relação ao isolamento social.
"A gente troca (comando da Saúde) para não continuar fazendo a mesma coisa", argumentou. "Tem que começar a abrir para voltar à normalidade"
Para o presidente, a manutenção do isolamento irá gerar um colapso na economia, e quem vai convencer os governadores disso "é o povo". Segundo Bolsonaro, as pessoas que querem sair às ruas precisam ter este direito. Na portaria do Alvorada, o presidente disse à jornalistas que o novo ministro tem a mesma opinião que a sua sobre o uso de hidroxicloroquina no tratamento de coronavírus.
Bolsonaro tem defendido o uso do medicamento em estágio inicial da doença, mesmo que ainda não haja conclusão científica sobre os efeitos. Este foi um dos pontos de discordância de Bolsonaro com o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, que defende que a droga não é uma "panaceia" e precisa ser usada com cuidado.Questionado se o novo ministro tem a mesma posição que a sua, o presidente respondeu:
"Sim, até porque, administrado com receitas médicas, não tem efeito colateral. Uma infinidade de médicos tem esta posição", disse. "O novo ministro pensa da mesma maneira que eu em muita coisa."
O presidente ressaltou que a sua opinião é de leigo, mas garantiu que trocaria de médico em um eventual caso de recusa em ministrar o medicamento à sua mãe, que é idosa.
"Pode ser que a cloroquina não dê certo, mas você não tem outra alternativa neste momento."
Sobre a nova equipe da Saúde, Bolsonaro afirmou que Teich terá liberdade para fazer suas escolhas, mas que também irá fazer nomeações. Todo o segundo escalão deverá ser alterado.
Fonte: ovale.com.br