REPORTAGEM — Saiba como evitar acidentes por animais peçonhentos

De janeiro a novembro de 2022, foram notificados em Mato Grosso, 1987 casos de acidentes por animais peçonhentos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), da Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso.

Os números de casos notificados segundo o animal causador foram: 832 casos de picadas de serpentes, 816 por escorpiões, 137 por aranhas, 95 outros, 67 por abelhas, 35 por animais não identificados e 5 casos por lagartas.

No período de chuvas esses animais procuram abrigos e acabam sendo os principais causadores de acidentes à população. Baseado nessa realidade da natureza, as autoridades de Vigilância em Saúde, juntamente com as Coordenadorias de Vigilância Ambiental apresentam informações de prevenção quanto a esses tipos de acidentes.

A campanha de orientação visa a prevenção de acidentes e também a conscientização da população quanto à pouca quantidade de Soros Antiofídicos produzidos no país. A baixa demanda de produção dos soros aconteceu devido ao incêndio do Instituto Butantan, em 2010.

O soro antiofídico é o medicamento utilizado para tratar mordidas de cobras venenosas.

Na falta de estoque do soro em todo o estado, a Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso resolve trabalhar com uma campanha de prevenção de acidentes.

Segundo a Técnica de Enfermagem e funcionária pública do Escritório Regional de Saúde de Água Boa, Mirtes Cecília Schütz, as informações desta campanha são de suma importância porque uma parte da população de Água Boa mora em fazendas, chácaras e assentamentos; mas, também serve para os Águaboense que residem no perímetro urbano.  

 

Quais tipos de animais peçonhentos:

Os principais gêneros de animais peçonhentos causadores de acidentes no Brasil, são:

● Serpentes;

● Escorpiões;

● Aranhas;

● Lagartas;

● Arraias;

● Formigão;

● Lacraia;

● Abelhas.

 

Como prevenir acidentes com animais peçonhentos

O risco de acidentes com animais peçonhentos pode ser reduzido tomando algumas medidas gerais e bastante simples para prevenção:

 usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem;

● examinar calçados, roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las;

● afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários;

● não acumular entulhos e materiais de construção;

● limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede;

● vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés;

● utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos;

● manter limpos os locais próximos das casas, jardins, quintais, paióis e celeiros;

● evitar plantas tipo trepadeiras e bananeiras junto às casas e manter a grama sempre cortada;

● limpar terrenos baldios, pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas.

 

Proteção individual para prevenir acidentes com animais peçonhentos

● No amanhecer e no entardecer, evitar a aproximação da vegetação muito próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins, pois é nesse momento que serpentes estão em maior atividade.

● Não mexer em colmeias e vespeiros. Caso estejam em áreas de risco de acidente, contatar a autoridade local competente para a remoção.

● Inspecionar calçados, roupas, toalhas de banho e de rosto, roupas de cama, panos de chão e tapetes antes de usá-los.

● Afastar camas e berços das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários.

 

Proteção da população para prevenir acidentes com animais peçonhentos

● Não depositar ou acumular lixo, entulho e materiais de construção junto às habitações.

● Evitar que plantas trepadeiras se encostem às casas e que folhagens entrem pelo telhado ou pelo forro.

● Não montar acampamento próximo a áreas onde normalmente há roedores (plantações, pastos ou matos) e, por conseguinte, maior número de serpentes.

● Evitar piquenique às margens de rios, lagos ou lagoas, e não encostar-se a barrancos durante pescarias ou outras atividades.

● Limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede e terrenos baldios (sempre com uso de EPI).

● Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés.

● Utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos.

● Manter limpos os locais próximos das residências, jardins, quintais, paióis e celeiros.

● Controlar roedores existentes na área e combater insetos, principalmente baratas (são alimentos para escorpiões e aranhas).

● Caso encontre um animal peçonhento, afaste-se com cuidado e evite assustá-lo ou tocá-lo, mesmo que pareça morto, e procure a autoridade de saúde local para orientações.

 

Orientação ao trabalhador na prevenção de acidentes com animais peçonhentos

● Usar luvas de raspa de couro e calçados fechados, entre outros equipamentos de proteção individual (EPI), durante o manuseio de materiais de construção (tijolos, pedras, madeiras e sacos de cimento); transporte de lenhas; movimentação de móveis; atividades rurais; limpeza de jardins, quintais e terrenos baldios, entre outras atividades.

● Olhar sempre com atenção o local de trabalho e os caminhos a percorrer.

● Não colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha ou entre pedras. Caso seja necessário mexer nesses lugares, usar um pedaço de madeira, enxada ou foice.

● Os trabalhadores do campo devem sempre utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs), como botas ou perneiras, evitar colocar as mãos em tocas, montes de lenha, folhas e cupinzeiros.

 

O que fazer em caso de acidente com animais peçonhentos

● Procure atendimento médico imediatamente.

● Informe ao profissional de saúde o máximo possível de características do animal, como: tipo de animal, cor, tamanho, entre outras.

● Se possível, e caso tal ação não atrase a ida do paciente ao atendimento médico, lave o local da picada com água e sabão (exceto em acidentes por águas-vivas ou caravelas), mantenha a vítima em repouso e com o membro acometido elevado até a chegada ao pronto socorro.

● Em acidentes nas extremidades do corpo, como braços, mãos, pernas e pés, retire acessórios que possam levar à piora do quadro clínico, como anéis, fitas amarradas e calçados apertados.

● Não amarre (torniquete) o membro acometido e, muito menos, corte e/ou aplique qualquer tipo de substancia (pó de café, álcool, entre outros) no local da picada.

● Especificamente em casos de acidentes com águas-vivas e caravelas, primeiramente, para alívio da dor inicial, use compressas geladas de água do mar (ou pacotes fechados de gelo – “cold packs” – envoltos em panos, se disponível). A remoção dos tentáculos aderidos à pele deve ser realizada de forma cuidadosa, preferencialmente com uso de pinça ou lâmina. Procure assistência médica para avaliação clínica do envenenamento e, se necessário, realização de tratamento complementar.

● Não tente “chupar o veneno”, essa ação apenas aumenta as chances de infecção local.

 

Diagnóstico e tratamento de acidentes com animais peçonhentos

O diagnóstico é realizado com base na identificação do animal causador do acidente. Em alguns casos, há recomendação de exame complementar. O tratamento é sintomático e com soro antiveneno, de acordo com cada espécie e com cada situação. Todos os tratamentos e atendimentos são oferecidos, de forma integral e gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Dependendo dos sintomas, podem ser adotadas medidas para alívio da dor, como compressas mornas (acidentes por aranha-armadeira e viúva-negra). Havendo ou não melhora, o paciente deve ser levado ao serviço de saúde mais próximo para ser avaliada a necessidade de administração de soro específico.

 

Primeiros socorros em caso de acidentes

Lavar o local da picada com água e sabão; não fazer torniquete ou garrote, não furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da ferida, nem aplicar folhas, pó de café ou terra para não provocar infecções; não ingerir bebida alcoólica, querosene, ou fumo, como é costume em algumas regiões do país; levar a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo para que possa receber o tratamento adequado em tempo.

 

Liberdade FM

Texto: 𝐼𝑠𝑚𝑎𝑒𝑙 𝑅𝑜𝑏𝑒𝑟𝑡𝑜