Populares de Água Boa e indígenas participaram das manifestações em Brasília, no dia 15 de novembro

No dia 15 de novembro, três caravanas do Vale do Araguaia participaram das manifestações em Brasília.

Às 4h da madrugada, dois ônibus lotados de populares de Água Boa e outro de indígenas, de Campinápolis (MT) chegaram na capital do Distrito Federal.

Os grupos de manifestantes desembarcaram no entorno do Quartel General (QG) do Exército Brasileiro, por volta das 6h da manhã e se misturaram a centenas de pessoas que já estavam em frente à Praça dos Cristais. Conforme as horas iam passando, pessoas que estavam ali acampadas, em suas barracas, tendas, ônibus, home-trailers e veículos de passeios foram surgindo repentinamente.

Haviam pessoas de todos lugares do Brasil. Nota-se de passagem pelas bandeiras, sotaques regionais, placas dos veículos, faixas e maneiras de se vestirem.

 

Organização:

Logo pela manhã, a partir das 7h, o café foi servido. Uma fila quilométrica se formou rapidamente frente à tenda principal de alimentação. Serviram café, leite, bolachas, cuscuz e frutas. Centenas de milhares de pessoas de todos os jeitos e traços socioculturais aguardaram durante horas pacientemente para se alimentar. Depois que se serviam sentavam as margens das calçadas e nas cadeiras de camping, debaixo das tendas.

A partir do meio dia foi servido e distribuído aos manifestantes refeições, em várias tendas. Em uma delas foi oferecido arroz-carreteiro, salada e fruta. Em outra: arroz, feijão, carne cozida, mandioca, salada e suco. E, em uma outra: arroz, feijoada, caldo, salada e água mineral. Toda alimentação era fruto de doações.

Todas as tendas das cozinhas estavam organizadas, com fogões industriais, freezer e muitos alimentos embalados. Além de dezenas de cozinheiros voluntários.

O povo foi servido pacientemente; sem empurra-empurra; nem gritarias, algazarras.

As pessoas circulavam com seus celulares registrando imagens, gravando vídeos de toda movimentação.

Havia uma tenda com dezenas de tomadas, para os manifestantes recarregarem seus celulares e carregadores portáteis, gratuitamente.

 

Manifestantes:

Em frente ao obelisco militar da entrada do prédio do Quartel General do Exército, um pequeno palco foi improvisado em cima de um caminhão. Onde que voluntários sociais, líderes de organizações sociais e religiosos e organizadores discursaram e ditaram palavras de ordem e patriotismo.

Nas primeiras horas da manhã, a Praça dos Cristais já estava tomada de centenas de milhares de manifestantes que foram se concentrando e se espalhando por toda a praça, de modo que o local foi tomado por um mar de gente, vestida de verde e amarelo; com faixas e cartazes com frases:

"SOS: Forças Armadas".

"Lutamos pela família, a pátria, a Liberdade e a Democracia".

“Não aceitamos censura”.

As pessoas também estavam caracterizadas e com as faces pintadas.

Os organizadores gritavam palavras de ordem e cantaram os Hinos: Nacional, da Bandeira e das Forças Armadas, além dos refrãos populares e orações.

“Toda ditatura começa com censura”.

"O povo unido, jamais será vencido”

“Libera o código-fonte”.

“Forças Armadas cumpra sua missão”.

"Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor...”

“Deus, pátria, família e Liberdade”.

“Se precisar, vamos acampar; mas o ladrão não sobe a rampa”.

 

Teste de resistência:

No meio da manhã, o tempo começou mudar e repentinamente uma forte chuva caiu sobre todos.

Em meio a raios e trovões, uma manifestante disse: “os céus também estão em guerra".

Mesmo com uma chuva torrencial de quase duas horas e meia, os manifestantes não desistiram. Permaneceram no local, debaixo de uma gigante bandeira de lona, guarda-chuvas e capas de chuvas.

A forte chuva parecia tentar amedrontar os manifestantes; mas, eles permaneceram ali, cantando e orando. Eram adultos, algumas poucas crianças, jovens e idosos. Pessoas sérias, com semblante sofridos, trabalhadores com mãos calejadas e agricultores com seus chapéus.

Do outro lado, das grades divisórias grupos de soldados do exército se mobilizaram depois que perceberam que o número de manifestantes aumentou. Eles também permaneceram debaixo de chuva; observando toda a movimentação dos populares.

Um manifestante passou mal e foi atendido pelo Corpo de Bombeiros.

Além da falta de internet e sinal de telefonia móvel. Mais uma das dificuldades que os manifestantes enfrentaram no dia; pois ficaram sem comunicação e sem poder transmitir informações de lá, em tempo real.

 

Registro de longe: porque será?

Antes da chuva, diversos Drones e Helicópteros sobrevoaram a multidão. Muito provável era a velha imprensa registrando imagens à distância. Com receio de serem hostilizados pelo descaso proposital, com os manifestantes.

 

Participação voluntária:

Acredita-se que as manifestações do dia 15 de novembro, em Brasília, reuniram mais de 1 milhão de pessoas. Brasileiros de quase todos os estados.

O povo Mato-grossense estava em peso. Um motorista contou "só de Rondonópolis (MT), vieram 32 ônibus de manifestantes".

 

Participação política:

Não foi visto político de reconhecimento nacional, no local das manifestações.

Somente o ex-prefeito de Água Boa (MT) e megaempresário Maurício Tonhá, o “Maurição”, marcou presença, no dia 15. Estava com a família e amigos.

 

Perspectivas:

Embora há um mar de desinformação desenfreada na Internet — atesta-se que estamos vivendo uma "guerra cibernética", entre cidadãos comuns, grupos políticos, organizações e instituições. São poucas as notícias verdadeiras; o que torna o contexto político-social vulnerável.

Mas, por outro lado, parte da população brasileira está se tornando mais participativa, ao se organizar em manifestações, publicar conteúdos nas mídias digitais alternativas e por exercer o papel de cidadania, questionando instituições e governos, com ética e democraticamente correto.

Mesmo que com este notável avanço, as sociedades precisam se organizar melhor para lutar pelos direitos em um todo; sem distinção partidária.

Milhares de brasileiros permanecem acampados, em frente ao QG, em Brasília. Já vai para o 19° dia de manifestações, depois das eleições do segundo turno.

Lembre-se: "Todo poder emana do povo". Os direitos mais importantes foram conquistas do povo. Muros foram derrubados, governos desfeitos e modelos políticos destruídos.

Diz um ditado popular:

"A voz do povo é a voz de Deus".

Que assim seja!

 

 

Liberdade FM

Texto e Imagens: 𝐼𝑠𝑚𝑎𝑒𝑙 𝑅𝑜𝑏𝑒𝑟𝑡𝑜