Agua Boa completa hoje 45 anos de fundação
O município é um dos destaques na região do Vale do Araguaia.
Água Boa recebeu este nome no período da abertura da BR-158, que corta a região. Ao canalizar um córrego, fazendo a água passar pela frente de seu rancho, às margens da estrada em construção. Sr. Manoel utilizava-se do recurso de canalização de água para uso doméstico e para a criação de galinhas, porcos e gado.
Com o tempo, o Sr. Manoel passou a oferecer sua residência aos viajantes que por ali demandavam, mais por ser a única opção de hospedagem do que pela vocação comercial do bom homem.
O local passou a ser conhecido como Pousada dos Viajantes, e o dono do lugar passou a ser conhecido como Mané da Água Boa, em referência à excelente qualidade da água oferecida aos hospedes.
A estalagem foi sendo ampliada e melhorada, se tornando um bom comércio, inclusive com posto de combustíveis. Todas as pessoas que demandavam a essa região conheciam a pousada e comércio do Mané da Água Boa.
Desta forma o lugar passou a ser conhecido regionalmente, sendo referência obrigatória aos que viajavam pela bandas dos atuais municípios de Água Boa e Canarana.
Na década de setenta um grande fluxo migratório atingiu a região, ocupando e preenchendo grandes vazios demográficos, dando importância econômica e geográfica ao lugar permitindo, inclusive, a inclusão de seu nome em mapas cartográficos de Mato Grosso.
A fundação oficial do núcleo Água Boa deu-se em 9 de julho de 1976. O município foi criado a 26 de dezembro de 1979, pela Lei Estadual nº 4.166.
HISTÓRIA EXPANDIDA
A evolução da expansão populacional do território de Água Boa, remonta à época pré-colombiana, com a ocupação do território pêlos índios Xavantes. Durante a primeira metade deste século foram feitas várias expedições à região, em busca de ouro e diamantes, cidades perdidas, índios, o que deu origem a várias lendas sobre a região.
A primeira iniciativa governamental de ocupar a região foi a Expedição Roncador-Xingu, através da Fundação Brasil Central. A Expedição realizada na década de 40, adentrou o município de Água Boa, seguindo pelo traçado atual da BR-158 do Rio Areões até a região central do município, daí seguindo para o Garapu até o Rio Culuene. A Expedição foi responsável pela identificação do Rio Sete de Setembro, bem como da construção de um campo de pouso no Garapu.
Durante as décadas de 50 e 60 a política de ocupação do governo foi a doação de áreas de cerca de 10.000 ha para produtores e empresários do sul e sudeste do país. Grande parte do município de Água Boa ficou sob domínio do Sr. Alfredo Floriano Toneto, fazendeiro no Rio Grande do Sul, e outras pessoas de seu grupo. Nesta época muda-se para Água Boa o primeiro morador vindo do sul do país, Sr. Paulo Jacob Thoma, que aqui chegou em 15-set-58.
A partir do final da década de 60 o governo passa a incentivar a vinda de grandes empresas, ocasião em que se instalam na região as Fazendas Suia-Missú, Brasil, Guanabara, Saudade, Taquaral, Alvorada, Bonança, Cedro, Santa Maria entre outras.
Em 1970 é realizado o primeiro projeto de colonização no município, na localidade denominada Váu dos Gaúchos, através da COMAGRA - Comercial Agrícola e Colonizadora Ltda, constituída pêlos sócios Ernesto Martinho da Cruz, Floriano Toneto e Paulo Juarez Pereira.
Devido aos problemas fundiários existentes no sul do país, produtores da região de Tenente Portela - RS, se organizam, sob a liderança de Norberto Schwantes, através da COPERCOL - Cooperativa de Colonização 31 de Março Ltda, para colonizar terras no Mato Grosso, o que teve início em 1972 com o projeto de colonização Canarana I. Estes projetos tinham amplo apoio do governo através dos financiamentos do PROTERRA e POLOCENTRO.
Em 1974 a COPERCOL realiza o primeiro projeto de colonização no município de Água Boa, o Garapu I, e em 1975 são implantados os projetos Água Boa I e Água Boa II, cuja agrovila formada junto com o projeto é a atual sede do município. Boa parte dos colonos destes dois projetos vieram da região do município de Não Me Toque - RS.. Posteriormente vieram os projetos Areões, Serra Dourada, Água Boa III, estes dois últimos já sob realização da CONAGRO (empresa criada por Norberto Schwantes para realizar a colonização) e outros projetos particulares como o Jaraguá, Visão e princesa.
A partir da colonização a principal atividade econômica do município passa a ser a cultura do arroz, cultivada pelos colonos dos projetos. Para auxiliar o processo produtivo foi criada a COOPERCANA - Cooperativa Agropecuária Mista Canarana Ltda que embora sendo uma iniciativa dos colonos de Água Boa passa a atuar em toda a região. Esta primeira fase é de muitos sacrifícios, devido as dificuldades de estradas, comunicação, habitação, saúde, etc. Em 26 de dezembro de 1979 é promulgada a Lei n ° 4.166 que eleva Água Boa, até então distrito de Barra do Garças à categoria de município.
A partir do início dos anos 80, com a descoberta de jazidas de calcário no município vizinho Cocalinho, tem início o cultivo da soja. A década de oitenta é um período de grande desenvolvimento para o município, com a implantação e expansão da cultura da soja e também expansão da cultura do arroz. No final deste período a área plantada do município já era de 100.000 ha. Neste período também se implantou grande parte da infra-estrutura básica do município, como asfalto na BR-158, telefone, armazéns, escolas, prédios públicos, etc. Foi um período de grande importância para o município.
Ao lado disso dois processos ocorriam. Um era a continuação de implantação de grandes fazendas pelo projeto SUDAN e outros incentivos. Em contrapartida, nesta década e início dos anos noventa tem início um processo de ocupação de áreas por posseiros, o que ocorre na comunidade de Serrinha, Jatobazinho, Borecaia e Santa Maria. Isto muda o perfil populacional e fundiário do município, que até então era formado basicamente por sulistas, e passa a contar com nordestinos, goianos, mineiros, etc. Este grande contingente de pequenas propriedades gera grande demanda sobre os órgãos públicos.
O ano de 1989 é marcado pelo início da crise. Os planos econômicos atingem em cheio a agricultura, principalmente a cultura da soja, através de interferências no preço dos produtos e no juro bancário. Com isto e endividamento aumenta, muitos produtores vendem as suas terras, viram posseiros ou voltam para o sul, a área plantada diminui e a economia municipal entra em recessão. Em meio e esta crise, afloram os problemas administrativos da Coopercana, que entra em regime pré-falimentar. Nesta época começa a haver um afluxo de paulistas para o município, atraídos pela imagem da cidade e pelas terras baratas para o criação de gado. A pecuária passa então a ser uma das atividades mais importantes do município, pois alem dos paulistas muitos colonos deixam de plantar para criar gado. Água Boa passa a ser o município com o maior rebanho bovino do Vale do Araguaia.
A partir de 1993 o município a soja volta a ter expansão de área plantada e ocorre mesmo que em escala ainda pequena a diversificação de culturas e criações. O município resente porém os impactos negativos que o Plano Real causou a agricultura, repercutindo negativamente na economia regional. Observa-se também um incremento na agro-industrialização. Novas perspectivas se abrem agora com a Hidrovia Rio das Mortes-Araguaia, que vai diminuir o custo do frete. Some-se a isso a secutirização das dívidas agrícolas, que dará novo fôlego aos produtores. Desta forma Água Boa tem um grande potencial de crescimento e desenvolvimento.
OUTRO OLHAR HISTÓRICO
Antigo território de nações indígenas hoje desaparecidas, como os Tsuvá e Marajepéi, a região onde hoje está localizada Água Boa começou a ser explorada em 1673, quando o bandeirante Manoel de Campos Bicudo teria iniciado uma busca pelas lendárias Minas dos Martírios. Logo após, a região foi praticamente esquecida, sendo habitada apenas por povos nativos.
No final da década de 1940, a Expedição Roncador-Xingu chegou ao território. Junto com as Forças Armadas, procurava um lugar mais seguro para, em caso de necessidade, transferir a capital da República do litoral para o interior.
Nessa mesma época, o Serviço de Proteção ao Índio (SPI) teve os primeiros contatos com os Xavantes, nação indígena que habitava a área e ainda era arredia. Atualmente, os índios habitam a Reserva Indígena dos Areões.
Existem duas explicações para o nome da cidade de Água Boa. Numa delas, a denominação teria surgido quando a Fundação Brasil Central inaugurou a BR-158. O morador “Mané da Água Boa” canalizou um córrego à beira da estrada e utilizava a água para seu rancho, conhecido como Pousada dos Viajantes. Com o aumento do movimento na rodovia, Manoel inaugurou um posto de gasolina, que ficou conhecido como o ponto de referência dos limites entre Água Boa, MT, e Canarana, MT.
A versão do sertanista Orlando Villas Bôas é um tanto diferente. Segundo ele, a tropa de vanguarda da Expedição Roncador-Xingu estava há vários dias sem encontrar nenhuma fonte de água potável e alguns trabalhadores estavam muito fracos. “Resolvi sair à procura de um riozinho. Foi quando encontrei um fio d’água, comecei a gritar: Água boa, água boa!”, explica Orlando. Próximo ao local foi montado pelos expedicionários o acampamento de Água Boa.
Entretanto, a colonização da área se consolidou apenas em 1958, estimulada pelo governo do Mato Grosso, que vendia terras a preços reduzidos. Em contrapartida, os colonos deviam abrir estradas e montar a infra-estrutura. A primeira fazenda foi implantada pelo pioneiro gaúcho Paulo Jacob Thomaz. A iniciativa atraiu outras famílias do Rio Grande do Sul e impulsionou o desenvolvimento da comunidade que ficou conhecida como Vau dos Gaúchos.
Na década de 70, a região recebeu novos colonos e passou a ser um dos marcos do desenvolvimento agrícola no Estado do Mato Grosso. Diversos órgãos do governo federal, como a Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e a Superintendência para o Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), estimularam a produção agropecuária no cerrado por meio de projetos específicos, caso do Proterra e Polocentro.
Em 1979, a cidade conquistou emancipação administrativa e política, tornando-se um município independente. Hoje, Água Boa se destaca no Vale do Araguaia como uma das cidades que mais cresce, devido principalmente às grandes plantações de arroz e soja e ao rebanho bovino.
Liberdade FM
Fonte: Redação