Número de crianças que não aprenderam a ler e escrever na pandemia aumenta, diz ONG
Um levantamento realizado pela ONG “Todos pela Educação” aponta que 40,8% das crianças brasileiras entre 6 e 7 anos não sabiam ler ou escrever em 2021. É como se, em uma sala de aula com 25 crianças, 10 delas não houvessem sido alfabetizadas.
Para chegar a essa conclusão, a ONG analisou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE. O questionário do IBGE é respondido pelos responsáveis pelas crianças.
O número de crianças entre 6 e 7 anos que não sabia ler ou escrever saltou de 1,4 milhão em 2019 (o equivalente a 25,1% das crianças brasileiras nessa faixa etária) para 2,3 milhões (40,8% das crianças) em 2021. O aumento é de 65,6% em comparação com os números de 2019.
O levantamento não leva em consideração amarelos, indígenas e não declarantes.
O número é ainda mais alarmante entre crianças pretas entre 6 e 7 anos: em 2021, 47,4% delas não estavam alfabetizadas. Entre crianças pardas, 44,5% e entre as crianças brancas, 35,1%. Em 2019, nenhum dos índices chegava a 30%.
Segundo a ONG “Todos Pela Educação”, a explicação para a queda na alfabetização foi a pandemia da Covid-19, que causou a suspensão de aulas presenciais e obrigou as redes de ensino a se adaptar nos últimos dois anos.
Reverter a situação
Para o líder de políticas educacionais da ONG “Todos Pela Educação”, Gabriel Corrêa, a queda na taxa de alfabetização é só mais uma evidência de desigualdades que já existiam antes da pandemia.
"Claro que todos foram afetados, mas neste cenário as mais prejudicadas foram as crianças negras, as mais pobres, que já tinham um desnível no acesso à educação em relação às crianças brancas e às ricas", diz.
Mais do que representar um número do presente, ele acredita que a diferença nas taxas de alfabetização pode virar um problema no futuro se não for devidamente enfrentada.
"A evasão escolar já é maior entre pretos e pardos. Se não houver políticas públicas para reparar as aprendizagens dessas crianças, em alguns anos esse pode ser mais um dos motivos que vai levá-las a abandonar a escola", diz Correa.
G1 – Liberdade FM