Quase 50% das vítimas da Covid-19 em MT estavam no grupo de risco da doença
Das 37 vítimas da Covid-19 em Mato Grosso, 18 tinham histórico de diagnóstico de diabetes e 17 de hipertensão. Isso significa dizer que quase 50% delas integravam o grupo de risco da doença. Além disso, 21 dos pacientes que tiveram óbito registrado no Estado tinham 60 anos ou mais.
Os dados foram levantados pelo RD NEWS com base nas notas técnicas sobre o avanço da pandemia do novo coronavírus no estado, divulgadas diariamente pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). Com o levantamento, a reportagem buscou humanizar as vítimas, cujos números têm crescido a cada dia.
Apesar da velocidade com que vidas são tiradas pelo novo coronavírus, os pacientes que não resistiram à Covid-19 eram pais, mães, esposas, maridos ou filhos. É importante que a sociedade pense de forma coletiva para que as vítimas fatais não virem apenas números marcados em boletins oficiais.
Observando as informações divulgadas pela SES, também é possível constatar que, apesar de idosos fazerem parte do grupo de risco da Covid-19 e, consequentemente, serem mais suscetíveis a serem contaminados pelo novo coronavírus, 15 das vítimas fatais tinham entre oito meses e 57 anos.
Perfil das vítimas
No total, 23 homens morreram após serem contaminados pelo vírus em Mato Grosso. Apesar da taxa de confirmação da doença ser maior em mulheres (50,2%, de acordo com últimos dados da SES), a maioria das vítimas fatais são do sexo masculino. Em pacientes do sexo feminino, foram registrados 14 óbitos.
Bruna Barbosa
Além de maior parte dos pacientes ter diagnóstico para diabetes e hipertensão, 7 deles possuíam cardiopatias. A SES ainda registrou como fator de risco a obesidade de 9 das vítimas. Entre os óbitos, duas das pessoas ainda faziam tratamento para câncer quando foram contaminadas com o novo coronavírus.
A primeira morte do Estado aconteceu em Lucas do Rio Verde (a 345 km de Cuiabá), em 3 de abril, quando o número de confirmações da Covid-19 nem se aproximava dos 50 casos. Na época, medidas de isolamento social e fechamento do comércio já haviam sido determinadas em Mato Grosso.
A primeira vítima foi o gerente de supermercado Luiz Nunes da Silva, de 54 anos, que faleceu após ficar cinco dias internado em uma UTI do município. Ao RD NEWS, uma sobrinha de Luiz contou que ele havia feito uma viagem à trabalho para Santa Catarina (SC), duas semanas antes de morrer.
Ele chegou a ter diagnóstico inicial para dengue, mas acabou testanto positivo para a doença. Após o primeiro óbito, ainda em abril, o vírus começou a se espalhar no interior de Mato Grosso e pouco mais de um mês depois já faz, ao menos, uma vítima por dia.
De acordo com os dados, as mortes consecutivas começaram a ser registradas em 9 de maio. Sendo que, em 14 e 22 de maio, a SES confirmou três óbitos no mesmo dia. Entre elas a do paciente mais jovem, que tinha oito meses e era do sexo masculino.
A morte da mulher mais jovem foi registrada em 24 de abril. Juliana Matsushita morava em Mirassol d'Oeste, mas morreu enquanto estava em uma UTI do Hospital São Luiz, em Cáceres. Ela ficou internada durante 15 dias.
Mortes de profissionais da saúde
Em 2 de maio, Mato Grosso registrou a primeira morte de um profissional da saúde. Athaide Celestino da Silva, de 63 anos, era servidor da rede estadual há 37 e atuava no unidade III do complexo Adauto Botelho, em Cuiabá.
No local, 17 pessoas, entre trabalhadores e pacientes, foram contaminados pelo novo coronavírus. Ele chegou a ficar 37 dias internado, mas não resistiu. No mesmo mês, extamente 16 dias depois, outra enfermeira da mesma unidade morreu.
A morte de Alessandra Bárbara, de 49 anos, gerou comoção nas redes sociais, onde foi descrita como "alegre e carismática". A enfermeira estava internada desde 2 de abril e não resistiu.
Flexibilização dos decretos
Em 26 de abril, um dia antes do comércio reabrir em algumas cidades, entre elas Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis e Barra do Garças, Mato Grosso marcava 250 casos confirmados da Covid-19. Atualmente, quase um mês desde que o isolamento social foi "afrouxado", o número já saltou para 1.271.
Em 22 de maio, por exemplo, dados da SES mostraram que o Estado teve o pior dia desde o início da pandemia após 97 novos casos da Covid-19 serem notificados em apenas 24 horas. Além da alta significativa, as hospitalizações em Mato Grosso chegaram a 99.
Fonte: rd news