Após chamar prefeita de cachorra viciada, vereador é cassado em sessão tensa em Pedra Preta

A Câmara Municipal de Pedra Preta (a 241 km de Cuiabá), em Mato Grosso, aprovou, por oito votos a dois, a cassação do vereador Gilson José de Souza (União), conhecido como Gilson da Agricultura, alvo de uma Comissão Processante por ter chamado a prefeita do município, Iraci Ferreira de Souza (PSDB), de “cachorra viciada”. O julgamento ocorreu durante sessão extraordinária realizada na noite dessa quarta-feira (3).

De acordo com o relatório da comissão, foi imputada a Gilson da Agricultura a prática de proceder de modo incompatível com a dignidade da Câmara e de faltar com o decoro da sua conduta pública.

No lugar do vereador, assume o suplente Ronaldo Pereira dos Santos (União).

Durante o julgamento, o presidente da Mesa Diretora da Câmara, vereador Laudir Martarello (PSB), disse que ficou muito triste e envergonhado com as ofensas de Gilson da Agricultura contra a prefeita Iraci e pediu aos demais parlamentares prudência e respeito na atuação parlamentar.

“Isso nos envergonha enquanto casa de leis”, disse.

“Que nós, autoridades, vereadores, possamos exercer o nosso papel com dignidade e com respeito”, acrescentou.

Já Gilson da Agricultura, em sua defesa, reconheceu o uso das palavras inadequadas, mas negou ter ofendido diretamente a prefeita, alegando que a intenção dele era se referir à prática de candidatos em geral durante o período de campanha política. Mesmo assim, pediu desculpas a Iraci e a todas as mulheres, negou ser machista e questionou “quem nunca errou?”

O episódio de ofensas contra a prefeita ocorreu no dia 25 de agosto deste ano, durante sessão plenária na Câmara. Na ocasião, Gilson da Agricultura fazia críticas à prefeita e disse: “Tem que tomar vergonha na cara e não ficar fazendo só na época de política, como cachorra viciada dentro dos assentamentos pedir voto, não. E meu vocabulário é esse, é esse mesmo”.

Não contente, ele reforçou o xingamento:

“Quando for o ano que vem, está que nem cachorra viciada atrás dos vereadores de primeiro mandato para pedir apoio para poder ajudar eles”.

O caso ganhou repercussão no estado, e Gilson da Agricultura foi alvo de quatro denúncias por prática de infrações político-administrativas, que motivaram a criação da Comissão Processante. As denúncias partiram do presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Leonardo Bortolin; da deputada federal Gisela Simona (União) e da primeira-dama do Estado, Virginia Mendes; dos membros do diretório municipal do União Brasil, Gilmar Raimundo da Silva e Alan Caique Morais dos Santos; e da própria prefeita Iraci Ferreira de Souza.

As ofensas, que segundo a Comissão Processante extrapolaram os limites da liberdade de expressão parlamentar, foram consideradas como violência política de gênero e afronta à honra da prefeita.

Liberdade FM - Agência da Notícia