CV planejou uso de drone com câmera térmica para vigiar a polícia à noite

Rio de Janeiro — Um dos grupos criminosos mais atuantes do estado, o Comando Vermelho (CV), já trabalha na incorporação de tecnologias consideradas de vanguarda no mundo do crime: entre os planos está a compra de drone equipado com câmera térmica para monitorar as operações da Polícia Militar do Rio de Janeiro à noite. Em um depoimento obtido pelas autoridades, um integrante disse: “À noite a gente tem que se adequar à tecnologia”.

Plano do CV

Fontes relatam que a organização buscava adquirir um modelo de drone capaz de capturar imagens em ambientes de baixa luminosidade por meio de sensores térmicos — permitindo detectar presença humana ou movimentação sem depender da luz visível. A justificativa apresentada internamente foi de que, para manter vantagem em zonas de conflito urbano, “a gente tem que se adequar à tecnologia”.

Este tipo de equipamento, em modelos civis ou militares, permite enxergar assinaturas de calor — já usado por bombeiros e forças especiais. Para o CV, a aquisição visaria dois usos principais:

  • Monitorar movimentações da polícia durante operações noturnas, antecipando entradas, reações ou cerco.

  • Estabelecer vigilância constante de áreas dominadas, ampliando o poder de prontidão e reação contra as forças de segurança.

Contexto operacional e militarização das facções

O uso de drones, inclusive para lançamentos de explosivos, em confrontos com a polícia no Rio de Janeiro já foi apontado por jornalistas especializados. Em uma entrevista, o repórter Valmir Salaro mencionou que o emprego de drones por traficantes “lembra guerra da Ucrânia”, dado o grau de militarização da tecnologia. 
O plano revelado pelo CV se encaixa nessa tendência: facções que dominam territórios urbanos estão cada vez mais adotando equipamentos e táticas similares a forças paramilitares — aproveitando lacunas de controle estatal, recursos tecnológicos acessíveis e conectividade internacional.

Repercussão para a segurança pública

Especialistas em segurança alertam que a adoção de drones com câmera térmica por organizações criminosas eleva o grau de complexidade no enfrentamento policial. As forças de segurança precisam adaptar-se: investir em sistemas de detecção de drones, proteger perímetros, reforçar vigilância eletrônica e prever táticas híbridas de combate urbano.

Para o cidadão, a escalada tecnológica do crime significa que conflitos em favelas ou territórios sob influência de facções podem se tornar mais intensos, com maior risco para moradores — seja por operação policial, seja por contra-ataques mais sofisticados dos grupos.

O que as autoridades informam

Até o momento, não há confirmação oficial de que o CV tenha efetivamente adquirido o drone ou que esteja operando com câmera térmica instalada. Nem a polícia nem o governo estadual divulgaram localizações específicas da suposta operação ou interceptação do equipamento.
Fontes de investigação indicam que o alerta interno foi emitido justamente para antecipar que tal cenário poderia acontecer — e que o estado deve considerar a tecnologia como parte integrante da nova realidade de segurança urbana.

Conclusão

A declaração do integrante do CV — “À noite a gente tem que se adequar à tecnologia” — revela mais do que bravata: indica que facções criminosas entendem que o domínio do território passa também por domínio da inovação. Em meio a esse cenário, a política de segurança pública enfrentará um desafio cada vez maior: não apenas confrontar armas e fuzis nas favelas, mas combater uma forma de guerra tecnológica silenciosa que se dá quando as luzes se apagam.

/ G1