Governo e Congresso “tocam violino” no Titanic da dívida, alerta Waack

Em sua coluna desta terça-feira, o jornalista William Waack compara o cenário fiscal brasileiro a um “navio à deriva”: segundo ele, tanto o Executivo quanto o Legislativo mantêm uma postura de retórica beligerante e incapacidade de agir frente à crescente crise da dívida pública.
O ponto de partida da análise está no revés recente: o governo perdeu cerca de R$ 20 bilhões em uma derrota no Parlamento, obrigando o ministro Fernando Haddad a prometer novas propostas — que, na visão do autor, nada mais são do que “velhas ideias” reapresentadas.
Aí se instalou uma disputa de narrativas: o governo, por um lado, acusou o Congresso Nacional de se comportar como “inimigo do povo”, lançou ofensivas contra “ricos que não querem pagar impostos” e se colocou como defensor dos mais pobres, afirmando que estes «só têm o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para protegê-los».
Por outro lado, essa retórica não traduziu em avanços nas medidas que realmente importam. Enquanto isso, o mercado observa de perto uma equação cada vez mais perigosa: um déficit nominal de cerca de 9% do PIB e uma dívida pública que se aproxima de 80% do PIB.
Waack alerta ainda para a contradição no modelo fiscal vigente: os gastos públicos não cessam de crescer, mesmo com receitas em elevação — numa “marcha da insensatez”, segundo ele, enquanto o país opera permanentemente em modo campanha eleitoral.
O prognóstico, por fim, é claro: um ajuste fiscal significativo será inevitável, independentemente de quem vença as próximas eleições. No entanto, quanto maior for a credibilidade do governo eleito, menor tende a ser o custo social e político desse ajuste.
/ CNN