Do posto aos bares: entenda como funcionava o esquema que levou metanol até bebidas alcoólicas em São Paulo

São Paulo – Um sofisticado esquema de fraude com graves consequências para a saúde pública está sendo investigado em São Paulo e outros estados. A operação batizada de Operação Alquimia revelou que uma substância usada industrialmente — o Metanol — foi desviada, adulterada e acabou em bebidas alcoólicas consumidas por pessoas em bares, resultando em mortes e intoxicações. 

 

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Como o esquema funcionava

A investigação aponta para um circuito com três eixos principais: importação/uso industrial do metanol, revenda irregular via empresas-fachada e destinação final para combustíveis e bebidas alcoólicas. 

  • Empresas legalmente registradas traziam o metanol para uso industrial — solventes, insumos químicos, etc. 

  • Parte desse metanol era transferida para “noteiras” – empresas que existiam basicamente no papel. Essas empresas emitiam documentos falsos que simulavam remessa do produto para usinas ou destilarias. Mas, no “mundo real”, o produto era redirecionado para o consumo clandestino. 

  • O destino final incluía dois caminhos principais: combustíveis adulterados com metanol vendidos em postos, e bebidas alcoólicas clandestinas adulteradas com essa substância. 

  • A polícia encontrou que postos de combustíveis em regiões como o ABC Paulista (São Bernardo do Campo e Santo André) estariam envolvidos, vendendo etanol com metanol para ser usado depois nas fábricas clandestinas de bebidas. 

Consequências para a saúde

O metanol é altamente tóxico — mesmo em pequenas quantidades, pode causar visão turva, cegueira, coma ou morte. 
No caso em São Paulo, já há registros de duas pessoas mortas em decorrência de ingestão da bebida adulterada. Um terceiro paciente se encontra em estado grave, com cegueira causada pela intoxicação. 

A apreensão e os alvos da operação

A Receita Federal, em conjunto com a Polícia Federal, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o Ministério da Agricultura deflagraram a Operação Alquimia e coletaram amostras em 24 empresas situadas em cinco estados do Sudeste e Sul. Postos, destilarias clandestinas, empresas de fachada e fábricas informais de bebida alcoólica estão sendo investigados como parte da cadeia que permitiu o desvio do metanol. 

Risco ao mercado legal e à economia

Além do grave risco à saúde, o esquema traz prejuízos econômicos. Estimativas do setor apontam que a falsificação, contrabando e produção clandestina de bebidas causam perdas bilionárias ao mercado formal. 

O que se segue

As autoridades alertam para que os consumidores verifiquem a procedência das bebidas — especialmente destilados — e evitem adquirir produtos sem rótulo, sem selo de identificação ou em locais improvisados. A colaboração de bares, distribuidores e consumidores será essencial para frear o esquema e evitar novas tragédias.

/ G1