EUA enviam navios de guerra à costa da Venezuela e ampliam tensão com governo Maduro

WASHINGTON / CARACAS – Os Estados Unidos deslocaram nesta semana seis navios de guerra, aviões espiões, ao menos um submarino e cerca de 4 mil militares para o mar do Sul do Caribe, próximo à Venezuela. Oficialmente, a missão tem como alvo o combate a cartéis de drogas, recentemente classificados por Washington como organizações terroristas.
No entanto, analistas avaliam que o movimento é também um recado do presidente Donald Trump ao governo de Nicolás Maduro. “Mísseis não são para combater cartéis de drogas”, afirmou o cientista político Carlos Gustavo Poggio, professor do Berea College, nos EUA. Segundo ele, o arsenal deslocado é “extremamente eficaz” para atacar ou invadir um país, e não para enfrentar grupos criminosos que costumam usar rotas terrestres ou pequenas embarcações.
Escalada de acusações
O governo Trump vem endurecendo o discurso contra Maduro. A porta-voz Karoline Leavitt afirmou nesta semana que o líder venezuelano “não é um presidente legítimo”, chamando-o ainda de “fugitivo” e “chefe de cartel narcoterrorista”. No início de agosto, os EUA ofereceram uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão do presidente da Venezuela.
De acordo com o Departamento de Justiça americano, Maduro estaria envolvido em crimes como narcoterrorismo, tráfico de drogas e uso de armas em apoio a atividades ilícitas. Ele é apontado como líder do chamado Cartel de los Soles, grupo acusado de facilitar rotas de cocaína para cartéis como o mexicano de Sinaloa e o venezuelano Tren de Aragua.
Resposta de Caracas
Em reação, Maduro anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos para enfrentar o que chamou de “ameaça imperialista” dos EUA. Apesar da retórica, relatórios do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos (IISS) indicam que as Forças Armadas venezuelanas enfrentam severas restrições, decorrentes de sanções, isolamento regional e da crise econômica que limita a modernização de equipamentos.
Apoio internacional
A decisão de Trump em classificar o Cartel de los Soles como organização terrorista começa a ecoar em outros países sul-americanos. Equador, Paraguai e Guiana já seguiram a mesma linha. No caso guianense, a medida é vista como reflexo da disputa territorial com Caracas pela região de Essequibo.
Risco histórico
Para Poggio, caso haja um confronto militar, será um marco na geopolítica do continente. “Se isso acontecer, será a primeira invasão direta dos Estados Unidos em um país da América do Sul, que ainda faz fronteira com o Brasil”, afirmou o analista.
Fonte: G1
Redação: Liberdade FM