De elogios a ofensas: veja como evoluíram as declarações de Trump e Putin antes de reunião no Alasca
Encontro entre líderes terminou sem cessar-fogo na Ucrânia, mas marcou o auge de uma relação marcada por trocas de afagos, ameaças e frases controversas
O aguardado encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, nesta sexta-feira (15), no Alasca, terminou sem a apresentação de uma proposta concreta para um cessar-fogo na guerra da Ucrânia. Mas o evento também representou o ponto alto de uma relação instável — marcada por altos e baixos, trocas de elogios e críticas afiadas ao longo dos últimos meses.
Esta foi a primeira reunião presencial entre os dois desde 2018 e a primeira vez que Putin pisou em solo americano em quase uma década. O histórico entre ambos, que no passado já se trataram como aliados estratégicos, ganhou novos contornos desde o retorno de Trump à Casa Branca, em janeiro deste ano.
O tom entre os líderes oscilou — de afagos públicos e alinhamentos ideológicos a ataques verbais e ameaças de sanções. A seguir, veja os principais momentos dessa relação volátil.
Janeiro e fevereiro: clima morno e acenos mútuos
No início do segundo mandato de Trump, a relação com Putin parecia caminhar para uma reaproximação. O russo chegou a endossar, de forma velada, a tese conspiratória do republicano sobre uma suposta fraude nas eleições de 2020.
Putin (21/01/2025): "Não posso discordar dele que, se sua vitória não tivesse sido roubada em 2020, talvez não houvesse a crise na Ucrânia."
Já Trump evitava críticas diretas ao Kremlin, mas deixava claro que, em seu governo, a guerra não teria sequer começado.
Trump (21/01/2025): "A guerra na Ucrânia nunca teria acontecido se eu fosse presidente."
No entanto, a visita do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a Washington, em fevereiro, provocou um atrito público entre Trump e Putin. O republicano chamou o líder russo de “desrespeitoso”, sinalizando o início de um distanciamento.
Março: cessar-fogo parcial e diplomacia em teste
Naquele mês, um cessar-fogo parcial no Mar Negro chegou a ser anunciado, com apoio americano. A trégua, no entanto, não se sustentou, e o conflito continuou sem solução à vista.
Trump (12/03/2025): "Temos um bom relacionamento com ambas as partes. Esperamos conseguir um cessar-fogo com a Rússia."
Putin (14/03/2025): “Se os soldados ucranianos se renderem, terão garantida a vida e tratamento digno."
Maio a agosto: tensão aumenta e Trump endurece o tom
Com a guerra se arrastando e sob pressão interna por não cumprir a promessa de resolver o conflito em “24 horas”, Trump passou a criticar abertamente Putin. Em julho, acusou o russo de ser "inútil".
Trump (08/07/2025): "Putin diz muita besteira, se quer saber a verdade. Ele é muito gentil o tempo todo, mas acaba sendo inútil."
Trump (14/07/2025): "Estamos muito descontentes com a Rússia e vamos aplicar tarifas muito severas se não chegarmos a um acordo em 50 dias."
Já Putin, em tom mais diplomático, relativizou quem propôs o reencontro e minimizou as tensões.
Putin (07/08/2025): "Ambos os lados demonstraram interesse. Quem disse o quê primeiro não importa."
Agosto: expectativa pelo encontro e jogo de xadrez diplomático
Com o anúncio oficial da reunião entre os dois no Alasca, Trump voltou a adotar um tom mais conciliador, mas manteve a imprevisibilidade.
Trump (11/08/2025): “Posso dizer ‘boa sorte, continuem lutando’, ou posso dizer ‘podemos fazer um acordo’.”
Putin, por sua vez, sugeriu que o encontro poderia marcar um caminho para a paz, desde que envolvesse também a negociação sobre armas estratégicas — incluindo as nucleares.
Putin (antes da reunião): “A paz só virá se houver acordo também sobre o uso de armas estratégicas.”
Territórios em disputa seguem como impasse central
Embora o encontro tenha tido tom cordial, os dois lados não avançaram em um ponto fundamental: os territórios ocupados pela Rússia. Atualmente, segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), cerca de 20% do território ucraniano segue sob controle militar russo.
A Casa Branca chegou a sugerir, no início do ano, que uma solução para o conflito passaria pela renúncia da Ucrânia a esses territórios. Porém, diante da reação negativa, voltou atrás. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reafirmou nesta semana que não abrirá mão de nenhuma área ocupada.
Durante a semana que antecedeu o encontro, Zelensky conversou por telefone com Trump e recebeu a promessa de que nenhum acordo seria fechado sem o aval de Kiev. Segundo o americano, um segundo encontro com Putin poderá contar com a presença do líder ucraniano.
Frase que resume a relação:
"De aliados cautelosos a rivais estratégicos, Trump e Putin jogam uma partida diplomática onde cada palavra pode ser um xeque-mate — ou apenas mais um blefe."
Fonte: G1:
Redação: Liberdade FM