Governador sai em defesa de MP e diz que atitude da OAB foi desproporcional

O governador Mauro Mendes (União) saiu em defesa do chefe do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), Deosdete Cruz Júnior, após ter sido repudiado pela Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Mato Grosso (OAB/MT), que o interpelou judicialmente. Segundo Mendes, as declarações e notas de repúdio apresentadas contra Deosdete são "desproporcionais".

“Respeito a opinião, entretanto, advogados cometem, sim, crimes. Juízes cometem crimes, engenheiros cometem crime, políticos cometem crime. A advocacia como um todo não foi atacada.

 O que ouvi claramente foi o procurador-geral dizer que alguns advogados trabalham como pombo-correio para levarem informações de dentro da cadeia para clientes ou faccionados que eles representam”, disse o chefe do Executivo nesta quarta-feira (27).

O governador ainda afirmou que a OAB defende apenas os "bons advogados", e que os "maus advogados", que cometem crimes, e devem ser punidos.

 “Eu achei muito desproporcional, nós podemos, sim, falar né de pessoas e não de uma classe. E eu não vi aqui ele falar que a advocacia é a classe comete crimes, mas sim que pessoas. E aí nós temos dezenas, talvez centenas de advogados que já foram condenados no país por cometer crimes, inclusive nessa área de trabalhar com o sistema penitenciário do país", argumentou.

A polêmica ocorreu na última segunda-feira (25), durante lançamento do programa do governo do Estado Tolerância Zero ao Crime Organizado, no Palácio Paiaguás. O procurador-geral Deosdete Cruz Júnior discursou e afirmou que, muitas vezes, os advogados "usurpam" da profissão e se transformam em verdadeiros “pombos-correios do crime”.

“O advogado que está atendendo um faccionado tem que ter a sua conversa gravada para o bem da sociedade. Passou da hora de discutirmos sobre isso. Precisamos colocar o dedo nessa ferida", disse na ocasião.

A OAB protocolou na terça-feira (26) uma interpelação judicial contra o chefe do MP.

 A presidente da OAB-MT, Gisela Cardoso, repudiou o trecho em que Deosdete diz que as conversas entre advogado e cliente devem ser gravadas.

Segundo a Gisela, o sigilo entre o advogado e o cliente é garantido pela Constituição e deve ser totalmente preservado.

 “O sigilo advogado/cliente é absoluto, representa a garantia dos direitos fundamentais, as garantias constitucionais do cidadão.

 Mais do que discordar, lamento profundamente o comentário do procurador. Não vamos admitir esse tipo de sugestão”, afirmou.

Fonte: Mayke Toscano SECOM

Redação: Rádio Liberdade FM